quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Gerativismo

O gerativismo se iniciou nos Estados Unidos em 1957 com a publicação do livro Estruturas Sintáticas, de Noam Chomsky. Este linguista é o pai e também o mais influente teórico da linguística gerativa. As teorias do gerativismo, criadas por Chomsky, vieram em rejeição a uma teoria da psicologia, o behaviorismo – linha de pesquisa muito forte nos EUA.

O verbo “to behave” do inglês, significa em português “comportar-se”, e as teorias do behaviorismo são justamente voltadas para o comportamento, ou seja, o condicionamento. Para os teóricos dessa corrente, a linguagem seria adquirida através da repetição constante. Por exemplo, uma criança que está começando a falar, escuta os pais dizerem “bola, bola” toda vez que se referem àquele objeto esférico. Dessa forma, a criança começa a tentar imitar o som “b-o-l-a”, sendo, portanto, condicionada a chamar aquilo de “bola”.

Esse pensamento era tão forte que influenciou o ensino de língua estrangeira por muito tempo. Temos como exemplo o eterno diálogo ensinado nas primeiras aulas de inglês: “How are you?” “I’m fine. And you?” (“Como você está?” “Eu estou bem. E você?”). Com o passar do tempo essa metodologia de ensino acabou por ser abandonada, pois os alunos quando eram expostos a situações/perguntas diferentes não sabiam desenvolver uma conversa. E as duras críticas de Chomsky também enfraqueceram o behaviorismo.

Então, o que estuda o gerativismo? O gerativismo busca descrever e explicar o funcionamento da capacidade natural do ser humano de produzir e compreender frases, ou seja, busca entender “um dos aspectos mais importantes da mente humana” (MARTELOTTA, 2009).

Para essa escola linguística, a capacidade de linguagem é inerente ao ser humano, está na genética. Diferentemente do behaviorismo, que, como já foi dito, acredita na aquisição da linguagem através de estímulos do meio.

Como consequência dessa visão, Chomsky cria a Gramática Universal. Por acreditar que a faculdade da linguagem é inata ao ser humano, então todas as línguas naturais possuem uma gramática semelhante. As línguas podem soar o mais diferente possível, mas todas possuem elementos (artigo, substantivo, verbo) que se organizam de maneira parecida para formar uma sentença interrogativa, afirmativa, etc.

O estudo da Gramática Universal pode ser dividido em duas frentes: o “princípio”, que estuda exatamente os pontos em que as línguas se assemelham; e o “parâmetro”, que estuda as variações.

Enfim, os modelos do gerativismo se voltam para esse âmbito imaterial, ou seja, os estudiosos fazem análises longe do campo extralinguístico. O contexto não interessa. Para eles é necessário saber como o ser humano é capaz de compreender e criar sentenças nunca antes ditas, de perceber quais frases são gramaticais ou agramaticais (ex.: “comeu João feijão o frio”). Por isso as teorias são “hipóteses abstratas” e não fatos concretos.


Postado por: Carolina Aurea
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Fonte: Manual de Linguística / Mário Eduardo Martelotta, (org.). - 1ª ed., 2ª reimpressão. - São Paulo : Contexto, 2009.

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